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Requisito: experiência

  • Foto do escritor: Maíra Melo
    Maíra Melo
  • 10 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura


Um dos momentos mais contraditórios quando se está na faculdade é o de conseguir um estágio. O estágio foi feito para se aprender a profissão na prática em funções até diferentes - porque o leque em cada profissão é amplo - todavia o estudante se depara com aquele requisito estranho para a vaga: requer experiência.


Ora, como um estágio pode requerer experiência se é nele e com ele que você vai começar a ter alguma? Quando eu estava nessa época tive uma tremenda dificuldade para encontrar uma vaga que me aceitasse como de fato era: em busca da experiência. Há quem diga que uma forma de treinar e demonstrar conhecimentos aplicados é simular projetos (isso na área de design, publicidade, jornalismo, me pergunto como funciona em administração ou mesmo engenharia).


Ainda que se simule projetos, aquilo não é o suficiente para alegar-se pronto para uma vaga que espera que você inserido no modus operandi ao qual você ainda nem teve um primeiro contato corretamente. Outros, incluindo eu mesma, indicam começar a pegar freelas. Todavia quando se pega um freela é preciso ter um mínimo de maturidade profissional porque você será tudo: a pessoa que atende, a pessoa que faz o briefing corretamente com o cliente, a pessoa que faz o trabalho e revisa. E, às vezes, que esclarece os toques técnicos finais.


Ainda assim não é o ideal: o estagiário necessita de alguém que o acompanhe, que desemaranhe os nós que certamente ele encontrará durante a sua produção. As dúvidas, o olhar externo e experiente. Além do aprendizado do relacionamento no trabalho, que é essencial.


A verdade por trás desse requisito é o fator mão de obra barata.

Muitos empregadores preferem baratear a mão de obra, cobrando do estagiário funções e maturidade que apenas um profissional tem a obrigação de saber. Além de adicionar uma carga de trabalho pesada e intensa sobre os ombros dos iniciantes. A pressão que eles podem sentir talvez se torne exorbitante e o desencanto com a profissão seja iminente.


Outra consequência dessa preferência por economizar na contratação é a qualidade final do trabalho + o valor pago por ela. Tão prejudicial e em qualquer mercado! Torna empregadores e clientes viciados na ideia de que o trabalho no final não deve ser valorizado de fato, como ele é, desequilibrando oportunidades de emprego. A profissão de jornalista, por exemplo, foi fortemente abalada - no mercado - por conta da não necessidade de diploma, desestimulando o jornalista e ameaçando seus futuros salários.


É preciso desestimular este comportamento na sociedade. Esperar do estagiário uma experiência que é papel da empresa ensinar; o desejo de ignorar profissionais e utilizar-se do aprendiz como força motriz da empresa. Todavia essa é uma mudança lenta e não, não sugiro que alguém ignore uma vaga por causa disso, afinal... a gente tem que sobreviver. Mas lutar é possível? Sim!


Nunca deixe de comentar em redes sociais quando encontrar uma vaga absurda, com requisitos estranhos. Denuncie, compartilhe, exponha! É através dessa mobilização que começamos essa lenta - mas possível - mudança. Invista em grupos da sua profissão: é ali que começam as reações contra os requisitos, contra salários injustos.


Boa sorte aos aprendizes e, na dúvida, faça aquilo que realmente ama.

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