Criação: a busca pelo novo no design gráfico
- Maíra Melo
- 19 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de ago. de 2023
Muitas vezes o designer gráfico é induzido a pensar que precisa criar coisas somente novas e isto o leva a uma crise criativa muitas vezes equivocada.

Recentemente vi uma postagem no LinkedIn falando sobre como nada se cria, tudo é releitura. Achei interessante este ponto porque ele falava justamente de design - principalmente de objetos - e me fez pensar sobre como a busca pelo novo é algo constante no trabalho de todo designer. Ainda mais quando se trata de criação de logotipos e artes para mídias sociais.
A busca por criar algo do zero na criação de marcas é contínua.
As possibilidades nem sempre são múltiplas porque dependem de vários fatores; de nomes da empresa até o ramo em que ela atua. Às vezes é possível se reinventar ou inovar, principalmente quando o cliente quer sair da caixa.
Outras vezes nem tanto: Quando ele deseja ser identificado pelo lugar comum da sua área. Nestes casos a reinvenção é a maior opção - e a melhor - quando se trabalha com identidade visual. É nesta tipo de projeto que as releituras e projetos semelhantes se encontram.
Quando o designer gráfico não consegue fugir do padrão, ele pode se esforçar (ou não) para fazer uma releitura não tão óbvia. Mas quando depende do desejo do cliente, ele precisa estilizar o logotipo o máximo possível para não ser uma cópia.
Já vi marcas para lá de semelhantes, mesmo que de áreas diferentes, porém cujos elementos principais eram facilmente vistos ao serem comparadas.
Este mesmo causo acontece e com ainda mais frequência na criação de arte para mídia social, cujo crescimento é em progressão geométrica e se faz necessário estar atento ao que é produzido nas redes para poder acompanhar o crescimento, direcionamento e estilos/tendências apresentados.
Em 2019 a tendência do toque de dégradé ao fundo era visto 9 em 10 artes do Instagram. A grande maioria dos designers abraçaram a tendência e se recriar, utilizando-a, era bem difícil.
Ano passado a tendência que mais percebi foram das letras esticadas. Elas funcionavam na medida do possível, sendo tais uma releitura da marca do Canal Brasil, mas não funcionava tão bem para todo tipo de setor ou criativo.

A letra R do logotipo do Canal Brasil serviu de inspiração para muitas artes de mídia social em 2021, espalhando-se entre elas com este estilo irreverente.
Com plataformas de criação de criativos, como Canva, a releitura e inovação se tornam um objetivo cada vez menos fácil de concretizar - de primeira pelo menos. Não é que seja impossível, afinal depende de muitos fatores, mas também não é algo fácil como no início do investimento gráfico nas redes sociais.
O mais importante é não copiar. Fazer releituras concretas, utilizando as originais como referência visual (no seu moodboard, por exemplo) e não passar disso.
Ser inteiramente singular, diferenciado e inovador é algo que requer muito aperfeiçoamento, tempo para realizar um processo criativo satisfatório e que, além de tudo isso, depende de um contexto ideal.
Se você trabalha com a criação de identidades visuais ou artes para mídias sociais e às vezes se debate para tentar criar algo espetacularmente diferente, meu conselho é que você pare de se atormentar. Releituras bem feitas são tão especiais quanto algo criado unicamente do zero e podem te tirar de um processo criativo angustiante.
Sossega o coração e deixa a sua mente trabalhar em paz. O insight funciona ao ser fomentado e ganhar tempo para se realizar.
SOBRE A AUTORA

Maíra Melo é designer gráfico desde 2012 e iniciou sua carreira como designer gráfico freelancer. Multidisciplinar, atende clientes de diversos nichos desde ESG à Yoga. Virginiana, gosta de ensinar e empreender.
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