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Canva e a cultura de fast graphic design

  • Foto do escritor: Maíra Melo
    Maíra Melo
  • 18 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jan. de 2022

Existente desde 2012, a plataforma online Canva ajudou a aprofundar o consumo rápido de design gráfico.


O que não falta na internet são empreendedores - e algumas agências - utilizando o Canva para seus negócios. Se sob o viés do empreendedorismo a plataforma é um marco de liberdade de “criação de arte” pelo viés do design gráfico, o Canva auxilia na desvalorização da profissão e no aumento do consumo, cada vez mais rápido, de artes para mídias sociais.


Não que ele seja o único responsável, afinal o Instagram - como plataforma extremamente visual - junto ao Facebook intensificou a necessidade de criação de imagens para postagem.


E embora seja um dos pilares do consumo mais rápido de design gráfico, o Canva é o meio principal a que se chega à banalização do design.


“Crie como um profissional.”


O que pode parecer libertador para muitos empreendedores na realidade agrava ainda mais a situação do designer gráfico no Brasil.


Mais do que nunca torna-se difícil fazer empresas e empreendedores entenderem a importância de se contratar o profissional, uma vez que com esta frase (e algumas outras) a plataforma dá a entender que qualquer um se torna um designer apenas ao usar Canva ampliando a distância entre o reconhecimento do profissional e seu conhecimento da realidade em que a profissão é apreciada e verdadeiramente valorizada.


Dentre muitos desafios que o designer gráfico enfrenta, este é um deles: Com o aplicativo muitos criam a ideia errada de que fazer design é criar imagens bonitinhas ou com letras cursivas e pronto.


Liberdade para uns, justo para todos?


A liberdade de criação de artes por todos não é ruim se olharmos pelo viés de que a maioria dos empreendedores no Brasil, quando começam a empreender, possuem pouca ou nenhuma renda para investir na contratação de um designer. Para eles, a plataforma Canva realmente salva a atuação online em redes sociais.


Embora a liberdade de criação experimentada seja ultra aprovada, ela também dificulta o mercado para designers. Afinal, se ao pagar mensalmente menos do que se pagaria a um designer para a criação das artes para que, então, contratar um?


O consumo acelerado de imagens na mídia social


Unindo então Instagram, Facebook e Canva (além de sites e aplicativos similares) vemos como resultado a aceleração desenfreada do consumo de artes para mídia social. Não importa como, o importante é criar e consumir.


Este movimento/tendência assemelha-se demais ao conceito de fast food e por isso criei a denominação fast graphic design, quando o que interessa não é a qualidade ou se o artefato virtual realmente se aplica à necessidade: Ele é criado para ser consumido num piscar de olhos e assim que venha o próximo.


Para comprovar a tendência basta entrar em qualquer uma das duas redes sociais citadas para se ter um contato com excesso de informação visual. Com este ritmo incessante é como presenciar mais uma Revolução Industrial. Seria isto que está acontecendo?


Criativos e pandemia


A maior evidência da consolidação da tendência de consumo de fast graphic design ocorreu ano passado em plena pandemia quando muitos negócios físicos- e ainda fora das redes e internet - iniciaram a conversão e aplicação de suas atividades online.


E neste movimento de chegar às redes sociais, unidos à necessidade de criar presença digital e se estabelecer, que o aumento da produção de fast graphic design se deu além do consumo da plataforma Canva e aplicativos semelhantes. A crise econômica auxiliou na ampliação do consumo, uma vez que há plano gratuito no site/aplicativo.


E no futuro?


A questão principal a ser levantada é o que será da valorização da profissão nos próximos 6 meses ou 1 ano devido ao uso facilitado e contínuo do Canva? Será a importância do designer reconhecida ou simplesmente qualquer um poderá se intitular designer - como se já não acontecesse - por simplesmente utilizar esta plataforma e semelhantes?


O diferencial de cada profissional será o suficiente para educar usuários, principalmente empreendedores, para que absorvam a importância dele?


Enquanto essas dúvidas se destacam e a cada dia um empreendedor acha que design é só deixar uma imagem bonita, esteja certo de uma coisa: O fast graphic design crescerá ainda mais e numa frequência geométrica. Estará você pronto(a) para isto?


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