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Faça, de fato, aquilo que ama

  • Foto do escritor: Maíra Melo
    Maíra Melo
  • 8 de jun. de 2018
  • 3 min de leitura


Era janeiro de 2018 quando aceitei um projeto freelancer para criação de marca. Ele parecia muito promissor, como todos que eu topo fazer parecem. Todavia ele foi o pior projeto que já peguei em seis anos no mercado de design gráfico.


Não que eu não estivesse fazendo algo que eu não soubesse: eu estava justamente fazendo algo que adoro, mas do pior jeito possível. O que o cliente queria estava me matando por dentro porque eu jamais faria a marca daquele jeito. Tentei de todas as formas vender a ele uma marca promissora e atual, algo que fizesse sentido de fato no ramo em que sua empresa se aplicava. Recusadas foram todas as tentativas. Custei a acreditar que aquele cliente que parecia tão moderno queria algo verdadeiramente antiquado e brega.


Eu sempre ouvi "amarre o burro onde o dono do burro manda", todavia seria um erro. Mesmo assim, eu fiz. E como me senti? Um fracasso. Esse projeto e esse cliente me fizeram sentir completamente mal. "Meu Deus o que eu estou fazendo? Será que eu realmente estou na profissão certa?" Perguntas assim me ocorreram, logo a mim que amo a minha profissão!


Depois que terminei o projeto e ele ficou satisfeito - enquanto eu não me sentia realizada - percebi que ditados como "o freguês sempre tem razão" ou "amarre o burro onde o dono do burro manda" não faziam mais sentido para mim. Me diga para que trabalhar com o que eu amo, na profissão que eu adoro, em projetos que eu detesto? Que eu não me sinto realizada profissionalmente? Isso é um sofrimento! Ninguém deveria ser obrigado ou se obrigar a fazer isso. Por isso se esforce para trabalhar com clientes que tenham uma mesma visão estética que a sua.


Mesmo que a grana esteja apertada? SIM! A grana chega no bolso, mas aquele desgosto, aquele descontentamento, aquele desconforto... Ele estará sempre ai com você, uma péssima experiência que você terá medo de repetir. Participe de projetos no qual você realmente se sinta engajado, que aquilo te dê um gás, te deixe feliz em planejar o que fazer nele. Eu cheguei a essa certeza depois que pensei em dois projetos nos quais eu mais me realizei profissionalmente. Eram projetos com estilos, com personalidade, que eu sempre quis fazer e fiz! O primeiro foi o e-book Mulheres e relacionamentos amorosos de Edna Cassiano. Eu diagramei ele inteirinho e posso dizer? Melhor trabalho de diagramação que eu já fiz até então. Delicioso de pensar, de diagramar, de ver crescer.


O segundo foi a marca Tsuru Glass, uma vidraçaria que faz vidros especiais. A cliente Débora Domingues quis inovar na marca completamente, saindo do estilo masculino marcante do ramo de vidraçaria. A abordagem é leve e delicada. Outra delícia de se fazer. Tudo porque a cliente e eu convergíamos na visão de como seria a marca, do estilo.


Foi lembrando disso que eu decidi, mesmo, parar de me dobrar o quanto fosse preciso para satisfazer o cliente. Não significa que eu não vá fazer o que ele diz no briefing, mas também não significa mais que seguirei a linha "o freguês sempre tem razão" caso eu me sinta infeliz na realização do projeto. Porque, definitivamente, não vale a pena.


Seja qual for a sua profissão, fica a reflexão: até onde vale a pena se esforçar para satisfazer o cliente? Vai além da sua satisfação com o seu trabalho? Procure ser feliz, mesmo, com o que faz.

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