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Embarcando no mundo freelancer

  • Foto do escritor: Maíra Melo
    Maíra Melo
  • 13 de jun. de 2018
  • 5 min de leitura


Eu tinha acabado de me formar quando optei por me tornar freelancer. Eu sabia o que queria fazer e quais eram minhas melhores aptidões dentro da minha profissão, mas não procurei ler de fato nenhum grande guia (ou pequeno) sobre como ser freelancer e os árduos obstáculos desse caminho.


No imaginário comum ser um profissional autônomo, que não está estabelecido em algum trabalho fixo, é um céu de brigadeiro. Supostamente quem trabalha assim deve viver tranquilamente em seus dias de trabalho, fazer diversos projetos que ele optar e ter uma vida financeira utopicamente estável. Que o freelancer é aquele profissional livre das amarras de patrões, que é ele quem manda nele mesmo.


Bem, posso dizer que não chega a ser metade. Quando se escolhe esse caminho ninguém te conta que existem vários detalhes. Vou contar alguns:


1. Se algo der errado entre você e o cliente, você não tem a quem recorrer: é isso mesmo, você não tem um escudo que poderia ser a sua empresa, seu chefe, algum superior. É você e apenas você. Há quem faça contrato para se precaver, porém não funciona muito. Você pode dizer o bom e velho 'bem, a gente acordou isto previamente e, portanto, você estava ciente antes de começarmos', todavia nem isso funciona às vezes. Acredite!


2. É preciso muita organização na sua rotina, principalmente se você for trabalhar home office: vida doméstica existe e isso sempre interrompe o nosso dia. Constantemente você tem algo para resolver em casa, seja com o ambiente em si ou situações familiares. Então é muito necessário um cronograma básico de como operacionalizar o seu dia. Quantas horas você vai dedicar ao trabalho? E até que horas vai com ele? São as duas perguntas-chave para quem vai começar a trabalhar em casa afim de não mesclar vida pessoal com trabalho em excesso.


3. Nem sempre você vai conseguir projetos maravilhosos: se desfaça dessa utopia. Por vezes alguns projetos são enganosos. Não propositalmente, mas o que poderia parecer tranquilo se torna um pesadelo. Seja por causa do relacionamento com o cliente, seja porque você simplesmente não consegue desenvolver o projeto em um baita bloqueio criativo. Ou ainda, o trabalho parece ser x e na verdade é um grande W. Conversar previamente com o cliente em alguns casos não é o suficiente para prever até onde e como vai navegar o barco.


4. Conseguir projetos é mais difícil - e menos estável - do que se imagina: uma coisa é poder divulgar seus serviços onde, quando e como você quiser. Porém conseguir mesmo fechar com o cliente não é tão fácil. Ele pode receber outras indicações, pode achar que por você não estar atrelado a nenhuma agência não é de confiança para realizar o trabalho ou simplesmente desistir por causas pessoais. Aja conversa e divulgação! Com o adendo de que em muitos casos os clientes querem pagar tudo apenas no final e é ai que o bicho pega, pois alguns trabalhos às vezes demoram meses para serem finalizados.


5. Plataformas de trabalho freelancer podem ser uma grande cilada: antes de embarcar em alguma plataforma de trabalho freelancer peça a opinião de colegas da sua área. Eu testei várias e descobri somente na hora H como algumas desvalorizavam 100% a minha profissão. Por exemplo, não indico para ninguém a 99Freelas. Os clientes que lançam projetos nessa plataforma costumam ter orçamentos absurdamente baixos para a quantidade de serviço que propõem. E o pior é que quando você vai fazer uma proposta a plataforma mostra a média de valor das propostas feitas para aquele projeto e ainda indica sugestivamente que se você fizer uma proposta baixa tem mais chance de conseguir o projeto. E te digo: isso não é apenas em design! O site em que eu consegui me estabilizar e estou desde 2014 é o Workana. Tem projetos absurdos por lá? Sim, mas ele fornece mais segurança para o freelancer que as demais. Nunca tive problemas sérios por lá e o feedback, caso você mande alguma mensagem para o suporte, chega em até 24 horas.


6. A tabela anual de valores da sua profissão é uma doce ilusão: eu nem preciso entrar em muitos detalhes para fazer valer este enunciado. O que eu indico é que você pergunte aos seus colegas e amigos de profissão quais valores, de verdade, eles cobram. Faça uma média entre eles e veja se este valor vai te satisfazer. Lembrando que a maioria dos clientes, que de certa você vai encontrar no começo, não vão conseguir pagar altos preços e que negociar é preciso!


7. Se você está começando pegue projetos mais básicos até se sentir seguro: simples assim. É melhor pegar projetos mais simples e consolidar a sua auto confiança que embarcar imediatamente em algo grandioso demais. Isso porque se algo der errado você não queima o seu filme com o cliente ou com os contatos dele, certamente ele vai comentar com amigos (seus quem sabe futuros clientes) 'puxa, fulano de tal fez um péssimo trabalho'.


8. Quem faz toda a comunicação com o cliente é você: ou seja, evitar ruídos de comunicação, enganos e organizar claramente o andamento do projeto cabe - tudo - a você. Existem clientes organizados? Ainda bem que sim, todavia não são todos e essa parcela vai jogar em cima de você todo o plano de organização/gestão do projeto, até mesmo se for preciso dar nomes específicos a fotos e, caso não ocorra ao cliente, vai caber a você - sim! - pedir que encarecidamente ele explicite o que é o que.


Quando freelancer você é o prospectador, o atendente, o profissional, o chefe e o tesoureiro!

E, é nessa última parte, que profissionais autônomos criam até olho nas costas para tentar não ser passado para trás pelos próprios clientes! Criar uma maneira mais segura de evitar não ser pago está sempre em evolução. Soube uma vez que um profissional freelancer precisou criar uma campanha virtual expondo o cliente devedor afim que este o pagasse. A campanha fez tanto sucesso, mas tanto (!) que enfim, após meses sem ser pago, ele recebeu. Certamente ele tinha o sistema próprio dele para evitar calote, todavia nem sempre isso funciona.



Mas e o lado bom de ser freelancer?


Sabe aquela parte de poder pegar projetos maravilhosos? Ela existe! Existem clientes incríveis que te entendem, que não vão abusar do seu serviço, que te pagam em dia e que ainda te indicam para outrem. Ou ainda, se você não estiver interessado em um projeto você pode simplesmente recusá-lo sem precisar engolir sapos.


E mais: com o tempo você ganha a magnífica habilidade de reconhecer quando um projeto é cilada. E ai o que se faz? Você evita, se livra daquela possibilidade horrenda de problemas. Além de que o trabalho freelancer se torna libertador quando você tem um trabalho fixo e consegue um espaço para o freela. Pelo simples fato de que você poderá navegar em outros mares, mudar os seus ares e viajar por outros tipos de projetos que usualmente não consegue no emprego fixo. Você aproveita para não atrofiar em outras habilidades, mantendo-as sempre em movimento e a si próprio em constante evolução e aprendizado. O trabalho freelancer faz a gente se mover mais, ir em busca de cursos para aprimorar aptidões, adquirir novas habilidades!


É por este motivo, o da liberdade de pensamento, o de quebra do círculo vicioso de atividades que o emprego fixo talvez proporcione que eu indico que trabalho freelancer. Vá em frente se isso passa pela sua cabeça, aproveite este estilo de trabalho para ousar e aprofundar-se nas suas capacidades!

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